sexta-feira, 22 de julho de 2016

Aventuras e Desventuras de Blau Blau

Título: pediu anonimato.
Escrito por: Marilia Bavaresco

Reza a lenda que num tempo muito remoto, depois dos dinossauros e antes do Homo Erectus, os bichos falavam e a vida sobre a terra era de domínio dos animais. 
Numa das imensas florestas - que eram homogêneas e exuberantes em todo o planeta naqueles tempos - havia um leão que era o ser mais importante de toda a cadeia animal. 
Este leão fingia mansidão e usava os membros abaixo dele (hienas, corvos, urubus e cobras) para fazer seus serviços sujos. Sendo assim, os animais da base da cadeia, quando injuriados, eram acalmados pelo próprio leão, que ficava com a alcunha de mandante bonzinho.
Um dia houve algumas mudanças de hierarquia e o tigre, muito mal intencionado diga-se de passagem, junto do corvo albino resolveu assumir com o leão o comando dos demais animais.
Estabeleceu-se um pandemônio nas bases e vários bichos desceram de categoria enquanto outros migraram para instâncias superiores.
Muitos deles ficaram descontentes enquanto outros, extasiados, felizes da vida por terem sido agraciados com um degrau mais alto na cadeia. 
Blau Blau, um urso meio atrapalhado, grande puxa-saco do leão, foi um dos premiados ganhando um lugar na hierarquia que era basicamente punir os animais subalternos que não andassem na linha, que fizessem o que "ele
achava" que não deviam, coisa e tal.
E as punições eram muito ruins: humilhações públicas, desterramento, expulsão e eventualmente a morte.
Sua malignidade só crescia e quando o poder não tinha mais por onde sair, ele inventava novos métodos, novas maneiras de retalhar os pobres bichos acuados com tantos desmandos.
Ele já tinha virado motivo de piada entre os animais que o temiam e odiavam ao mesmo tempo. Quando ele chegava ou estava prestes a aparecer os animais tinham seus códigos para se avisarem, de modo que ele nunca conseguia pegá-los de surpresa. 
Com o tempo o urso Blau Blau foi reconhecendo esses sinais e mudando de estratégia. Punia sem motivo também. Os animais percebiam a ardilosidade e mudavam os métodos para se comunicarem da nefasta presença. Blau Blau demonstrava sua insegurança, seu rancor, sua falta de competência e por vezes parecia perder o senso, andando em círculos igual aquele personagem clássico do desenho do Pica Pau.
Não se contentava em apenas dominar os animais abaixo de sua hierarquia, mas estava começando a fazer isso com outros de outros domínios, tamanha a sua sensação de onipotência.
O tempo passou, Blau Blau perdeu o poder por ser muito incompetente e extrapolar as ordens para fora do espaço que lhe cabia. Não só perdeu o cargo como foi desterrado assim como acontecia aos súditos do triunvirato macabro.
O trio, por sua vez, foi banido para sempre da convivência com os demais animais devido sua extrema malignidade. Acabaram isolados, devorando-se uns aos outros.
Conta-se que Blau Blau passou o que lhe restava da vida louco e sozinho, correndo atrás do próprio rabo que, teimoso, não obedecia às suas ordens.
Para quem viveu e suportou aquele período ficou a lição: nada como um dia após o outro. 
Mas claro que isso é só uma lenda e não ocorre com seres humanos. Tudo aqui é invenção da minha cabeça, ou não...

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